Temos visto na mídia, inclusive no Programa Fantástico, num quadro de Drauzio Varela, menos informação e orientação e mais polemicas em que se afirma que a psicanálise foi superada pelo progresso medico e das terapias cognitivas.
Sabemos que foi um resultado da segunda guerra a revolução dos psicotrópicos e neurolépticos que, usados nos casos de psicose, permitiu a estabilização, embora associado a tratamentos pela palavra e principalmente integrando o psicótico no meio social.
No entanto essa abordagem tripla custa muito caro aos governos e secretarias de saúde. Dai onde se aposta todas as cartas na terapia cognitiva, que freia os sintomas com tratamentos curtos e baratos, mas sem nenhuma eficácia terapêutica sobre a formação dos sintomas, como analisaria o velho e saudoso Freud.
Roudinesco, reconhecida historiadora da psicanálise, se pergunta: por que tanto ódio a psicanálise? Por que tantas tentativas de desqualificar os analistas em ataques incessantes? Desde sempre a psicanálise tem enfrentado seus revezes:
Ciência judia, alcunha nazista;
Ciência burguesa, pelos stalinistas;
Ciência satânica, pelos fundamentalistas;
Falsa ciência, pelos cientificistas...enfim, será que devemos nos calar?
Assistir a mídia deteriorar os conceitos psicanalíticos por falta de pesquisa ou pela incapacidade de assumir que a psicanálise recusa o antissemitismo, a violência contra os homossexuais, a segregação e a posição dura contra os pedófilos e cínicos que não se responsabilizam pelos seus atos...
A psicanálise acolhe a histeria que desvia o corpo da procriação - a neurose obsessiva, liberando de sua "maquina" de pensar e principalmente, oferece uma escuta dos psicóticos dando uma voz ao marginalizado pela sociedade, por não serem ativos na produção de bens.
Há de se reconhecer que a psicanálise faz a vida coletiva avançar em suas mazelas mais duras sem expor o sujeito e, ao mesmo tempo, sem deixar de responsabiliza-lo em seus atos.
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