" O gozo da mulher é maior que o do homem"
Lacan, Seminário da Angústia, pg 203
Em psicanálise costumamos dizer que há um mal entendido estrutural nas relações entre homens e mulheres. O que não significa que o amor não possa vir permitir que o gozo consinta o desejo e essa tese lacaniana se sustenta na invenção do amor como um fato cultural.
O problema é que cada vez que nos aproximamos da realização de desejo, surge a angústia, pelo laço desejo/lei no já conhecido Complexo de Édipo.
O que é interessante no que Lacan aponta nesse seminário, é que "a mulher revela-se superior no campo do gozo, uma vez que seu vínculo com o nó do desejo é mais frouxo". Nesse momento Lacan está abordando como são mais livres as mulheres na profissão de psicanalistas: a posição feminina teria mais flexibilidade para sustentar o lugar de objeto que lhes é designado pelos pacientes e foram elas as que "disseram coisas sensatas sobre a contratransferência".
Na verdade, o que ele indica são as múltiplas possibilidades que a mulher tem de se relacionar com o desejo e também o porque dela se angustiar mais que os homens. Ele brinca com essa posição feminina da mulher se apresentar como um vaso - cheio ou vazio? - que aparentemente pode presentificar o objeto causa do desejo e isso ser uma boa posição para ocupar o lugar de analista na clínica.
Já a angústia do homem estaria ligada ao "não poder", daí que o objeto seria a condição de seu desejo e por isso o mito de que a mulher seria uma de suas costelas, esse objeto perdido. A mulher, para o homem seria essa costela que lhe foi retirada e por isso o masoquismo feminino é uma fantasia masculina.
Deixando de lado homens e mulheres e as provocantes afirmações de Lacan, que mesmo em em 1980 continua falando das mulheres como melhores analistas, o que ele ensina além disso é de como podemos aprender sobre o intransponível do feminino, já acentuado por Freud como um impasse aos analistas.
Foto da performance de Julieta: https://www.facebook.com/julieta.menezes.1?ref=ts&fref=ts