quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A clínica psicanalítica

Curso de extensão CESMAC / ATO ANALÍTICO  módulo: as estruturas clínicas I
 Maceió 5 a 7 de dezembro de 2013

  Com a noção de estrutura abandonamos na psicanálise a continuidade biológica e a maturação do ser fisiológico, para, desde Freud na Interpretação dos sonhos, apreendermos o aparelho psíquico em termos de configuração de elementos relacionados entre si.
  A função operatória na clínica psicanalítica passa a ser concebida por Freud como elucidação dos estratos superpostos que o tratamento vai desvelando e que são articulados num certo ordenamento que a associação livre vai denunciar.
   Em "Observações sobre o relatório de Lagache", Lacan retira do estruturalismo o que lhe interessa para a clínica do sujeito:'Pois, é ou não o estruturalismo aquilo que nos permite situar nossa experiência como o campo em que isso fala? Em caso afirmativo, 'a distância da experiência' da estrutura desaparece, já que opera nela não como modelo teórico, mas como a máquina original que nela põe em cena o sujeito'.
   Portanto,o analista faz um diagnóstico - a palavra diagnosticar tem origem francesa que do grego diagnostkóns, quer dizer “capaz de ser discernível” -  não aquele comum dos médicos que descreve os sintomas, sinais de que o sujeito vai mal na sua inserção no mundo, mas verifica em cada padecimento, em cada dor, o modo de de constituição dos sintomas em função do binarismo: gozo//sentido.
Diagnóstico diferencial pela escolha forçada, como diz Lacan no Seminário XI, pode ser empreendido a partir da lógica significante. Quando o sujeito "escolhe" a história familiar, perde uma parte de seu ser. Essa marca que o sujeito recebe e o modo como "responde" ao real é o que pode orientar a direção do tratamento:
  • alienado aos significantes do Outro,enigma que vai percorrer seu destino frágil em uma busca incessante, neurose;
  • alienado aos significantes do Outro mas preso a um único sentido e criando uma nova forma de mundo, psicose;
  • alienado, porém sem enigma mas "sugerindo" uma resposta, perversão.                                                       Como bem explicitou Colette Soler no Encontro Brasileiro em BH, "as marcas são singulares e essas marcas da história singular escondem a estrutura". Ou seja, as marcas se inscrevem conforme a estrutura e o trabalho na clínica psicanalítica é levar o sujeito a perceber, a conhecer suas marcas de estrutura para finalizar em sua "infelicidade banal".