domingo, 20 de outubro de 2013

PREENCHENDO O VAZIO

Cena de 'Preenchendo o vazio'  (Foto: Divulgação)O filme " Preenchendo o vazio" merece o Oscar de melhor filme estrangeiro! Da cineasta judia, Rama Burshtein, o filme mostra o interior da comunidade hassídica com uma profundidade e singeleza nunca antes vista.A " menina" Shira (Hadas Yaron, vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza 2012) é uma surpresa e arrebata o espectador para dentro da cena o tempo inteiro, emocionando seja pela ingenuidade, seja pelas atitudes comuns de qualquer adolescente de qualquer época ou lugar, nisso o filme é universal porque, apesar de colocar como única função das mulheres o casamento, as indecisões e pequenas intrigas das mulheres em volta do assunto é algo quase familiar. "Preenchendo o vazio" descobre um véu sobre a religiosidade, delicadeza e seriedade nos assuntos dos judeus ortodoxos, mas acima de tudo, a solidariedade, alegria de viver e senso de vida em família - a família não é " assunto de mulheres", pois os homens estão presentes desde o primeiro ato de vida até a preservação da memória dos mortos.À primeira vista a condição feminina não parece muito diferente da de outras mulheres sem direitos ou possibilidade de escolha fora do lar, mas uma frase coloca em xeque tudo o que julgamos compreender como negativo, é quando a mãe de Shira, devastada com a morte da filha Esther e a possibilidade do neto ir morar na Bélgica com seu genro num segundo casamento, diz ao marido: vou enlouquecer! Ele ( diferentemente de tudo que se sabe dos homens na clínica psicanalítica, na vida, nas novelas) retruca: PODE ENLOUQUECER, EU ESTOU AQUI!