quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

ano novo, vida nova?


Alguns dizem que desejam muito fazer análise para começar um novo ano ou uma boa mudança na vida, mas tem medo; perguntam se vão ficar na análise a vida toda, se "causa dependencia"... Em primeiro lugar, diriamos que é preciso saber escolher um analista. Assim como se escolhe um pediatra para um filho desejado, ou um dentista, um cirurgião, alguém que com sua instrumentação pode nos deixar entregues sob uma confiança que é desmedida.
Um psicanalista deve oferecer um lugar de acolhimento do sofrimento, sem julgamento nem preconceitos, onde o sujeito pode expor suas angústias. Embora esse lugar seja considerado um lugar de poder, não é por isso que o analista ético se deixa capturar nessa ilusão de se o senhor do saber! Em todo seu conhecimento teórico e tendo ele mesmo passado por uma longa análise onde pode reconhecer seu próprio desejo, deve instalar um vazio, pleno de ignorância, onde o paciente pode tecer suas ficções, realidades, fantasias, fatos, histórias vividas ou contadas através de gerações no intuito de preencher lacunas, desatar seus nós onde ficou aprisionado seu desejo mais oculto. O analista, na praxis freudiana e na lógica lacaniana, se exerce algum poder é o de fazer-se responsável pela direção do tratamento, para que o paciente se implique em seus ditos, em seu vivido e possa reconhecer um saber que estava latente.

Um consultório é uma oferta para receber as demandas daqueles que tem sintomas, querem saber como surgiram e como aprender a dar uma volta pelo acaso que a vida impõe sem tanto sofrimento, mas com a garantia de que as palavras dizem bem daquilo que nos traumas nos emudecem...
alba abreu lima

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